A postagem de hoje possui como referência o Capítulo 31 do livro "Controladoria Estratégica e Operacional: conceitos, estrutura, aplicação" de Clóvis L. Padoveze. Recomendo a leitura do livro para consultar o conteúdo na íntegra.
Análise Financeira ou de Balanço
Assim é chamada a metodologia clássica para avaliação do
desempenho global da empresa. Tal análise é realizada por meio de indicadores,
obtidos a partir das Demonstrações Contábeis, os quais permitem uma avaliação
sobre a situação econômica e financeira da empresa e o retorno do investimento.
Estes indicadores permitem uma comparação de períodos passados e orçados, com
empresas concorrentes, entre outros.
Tradicionalmente, as técnicas utilizadas são: análises
vertical e horizontal, indicadores econômico-financeiros e avaliação final.
As análises vertical e horizontal consistem em quantificar
percentualmente os elementos das Demonstrações Contábeis. Aquele consiste em
quantificar um elemento em relação a outro considerado mais importante, por
exemplo, atribui-se 100% ao ativo total, então os demais elementos do ativo são
quantificados com base naquele item. A análise horizontal, por sua vez, permite
quantificar os elementos da Demonstração Contábil analisando os períodos, por
exemplo, utilizando como base a conta Imobilizado, atribuindo 100%, compara-se
o valor do período com o valor da conta no(s) período(s) anterior(es).
Os indicadores econômico-financeiros são apresentados em
termos de índices, percentuais, números absolutos, dias, entre outros. Nestes,
são comparados elementos do Balanço Patrimonial, da Demonstração de Resultados
ou entre as duas Demonstrações.
A avaliação final compreende um relatório identificando as
conclusões obtidas na análise dos Demonstrativos Contábeis.
Análise da Rentabilidade
Pode ser separada em
dois aspectos:
Análise da geração da margem de lucro: considera o
desempenho operacional da empresa.
Análise da destinação do lucro: considera a alavancagem do
capital de terceiros.
Método Dupont – Esta é a denominação clássica da
análise da geração da margem de lucro. Compreende:
RENTABILIDADE OPERACIONAL = GIRO DO ATIVO X
MARGEM
Quanto maior o giro, melhor, pois quanto mais vendas a
empresa conseguir com o mesmo ativo, maior a possibilidade de geração de
lucros.
Lucro e Margem Operacionais – Considera-se Lucro
Operacional o lucro das operações de compra, produção e venda dos produtos e
serviços da empresa. Resultados financeiros
(relacionados a ativos e passivos financeiros) e de outras operações não
devem ser considerados como operacionais.
MARGEM
OPERACIONAL = LUCRO OPERACIONAL
RECEITA OPERACIONAL LÍQUIDA
Rentabilidade
do Capital de Financiamento – O Lucro Operacional deve ser suficiente para
cobrir os encargos financeiros e remunerar adequadamente o capital próprio. A análise
do lucro obtido é exatamente para verificar se a alavancagem financeira
aconteceu, se a tomada de capital de terceiros beneficiou os acionistas. Para
isto, é necessário identificar a remuneração média anual do capital de
terceiros e a remuneração final do Patrimônio Líquido. Para isto, deve-se
identificar o valor dos tipos de capital de financiamento. O Capital Próprio
corresponde ao Patrimônio Líquido, enquanto o Capital de Terceiros compreende
os empréstimos e financiamentos de curto e longo prazos, deduzidos das
aplicações financeiras.
Custo do Capital de Terceiros
CUSTO DO CAP.
DE TER. = CUSTO DO CAPITAL DE TERCEIROS (LÍQ. DE IMPOSTOS)
CAPITAL
DE TERCEIROS
Rentabilidade
do Capital Próprio – Após o pagamento do custo de capital de terceiros, o
lucro residual é a rentabilidade dos acionistas, donos do capital próprio.
RENTABILIDADE
DO CAPITAL PRÓPRIO = LUCRO LÍQUIDO APÓS IMPOSTOS PATRIMÔNIO LÍQUIDO
EVA
– Economic Value Added (Valor Econômico Agregado ou Adicionado)
Este
é um conceito de custo de oportunidade, ou lucro residual, que demonstra se
realmente há valor adicionado à empresa, caso o Lucro Líquido após o imposto de
renda seja superior ao custo de oportunidade de capital, considerado como o
lucro mínimo que a empresa deveria ter para remunerar adequadamente o
investimento do acionista. A fórmula consiste em:
EVA
= NOPAT – C% (TC)
Onde:
NOPAT = Lucro
Operacional Líquido após os impostos
C% = Custo
percentual do capital
TC
= Capital Total
Não
há um consenso sobre o custo de oportunidade a ser adotado, mas este pode ser: Libor ou Prime Rate, TJLP no Brasil, custo médio ponderado de capital da
empresa, custo de capital exigido/declarado pelos acionistas, entre outros.
Quanto maior for a taxa de custo de oportunidade, mais difícil será a empresa
apresentar valor agregado.
Análise
da Geração de Lucros
Consiste
em identificar os principais fatores de geração de lucro e caixa dentro da
empresa, de maneira que permita um modelo para previsão da geração de fluxos
futuros de benefícios.
Lucro
das Operações – Indica, de maneira aproximada, os itens da demonstração de
lucros, que uma têm relação direta com caixa, deixando de considerar elementos
de lucros, despesas e receitas claramente contábeis e que sua incorporação, na
Demonstração de Resultados, decorre de necessidades econômicas e legais.
Os
itens não-caixa são as depreciações do imobilizado, amortizações do diferido,
resultados de equivalência em controladas e baixas do Ativo Permanente.
Análise
da variação das Receitas e
Custos – Associando às receitas das vendas os custos operacionais
necessários para sua efetivação, é possível construir modelos de análise de
suas variações entre dois períodos, objetivando identificar as causas das
variações ocorridas. As variações decorrem de: variação nos preços unitários de
venda e do custo dos insumos; variação na quantidades vendidas e consumidas de
recursos; mix de vendas, políticas de
créditos, taxas de juros, entre outros.
Para
análise da variação das receitas e custos o modelo adequado é o da margem de
contribuição. Assim é necessário classificar os custos fixos e variáveis. O
objetivo é a identificação das causas da variação do lucro, através das causas
de variação das receitas e custos.
Política
de Dividendos
Caracteriza-se
pelo percentual do lucro obtido que é distribuído em dinheiro aos acionistas.
Quanto mais lucros a empresa retiver, menor será a necessidade de recursos de
terceiros para financiar os investimentos previstos. Logo, a política ótima de
dividendos é aquela que atinge um equilíbrio entre dividendos correntes e o
crescimento futuro e maximiza o preço das ações da empresa.
Sinalização
para Investidores – Os dividendos distribuídos em caixa podem ser vistos
como um sinal para investidores. Os dividendos atestam a confiança dos
diretores o futuro da empresa e de sua lucratividade.
Continuidade
da Empresa e Manutenção do Capital – Há dois conceitos de manutenção do
capital:
- física ou capacidade física da empresa: indica que ela deve manter sempre a sua
capacidade operacional, medida através do conjunto de bens e direitos
necessários às suas atividades operacionais, para garantir a capacidade de
geração de lucros. Assim, o valor dos ativos necessários para suas operações
deve estar sempre atualizado.
- financeiro: está atrelado à atualização monetária da capital investido em
termos de custo de oportunidade ou índices gerais de preços. Assim, o capital
investido deve sempre estar atualizado monetariamente.
Fonte: PADOVEZE, Clóvis L. Controladoria Estratégica e Operacional: conceitos, estrutura, aplicação. São Paulo: Cengage Learning, 2012